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Desvio de dinheiro para jogo online: especialista alerta famílias de adolescentes e recomenda aplicativos de controle parental

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Imagem meramente ilustrativa mostra adolescente na cama mexendo no celular — Foto: Freepik

Psicóloga clínica de adolescentes e adultos aponta como falta de supervisão digital pode afetar o desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes.

Imagem meramente ilustrativa mostra adolescente na cama mexendo no celular — Foto: Freepik

A Polícia Civil (PC) orientou que a família da adolescente de 16 anos que desviou R$ 5, 6 mil da conta bancária do avô para comprar moedas virtuais no jogo Roblox procure serviços de saúde mental. O caso aconteceu em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, e foi registrado na 2ª Delegacia Territorial (2ª DT) da cidade.

Segundo a delegada titular da 2ª DT, Ludmilla Vilas Boas e Santos, a adolescente não foi formalmente encaminhada a unidades de saúde mental, mas recebeu a orientação para que a família procurasse os serviços para uma avaliação e acompanhamento psicológico.

A delegada aproveitou para alertar as famílias sobre os riscos que envolvem a atuação de crianças e adolescentes no ambiente virtual.

“Nossa orientação aos pais é que fiquem atentos à vida virtual de seus filhos. Pedimos também atenção à movimentação dos seus filhos nesses ambientes virtuais, por conta dos riscos de abuso sexual virtual, alertou a delegada”, ressaltou Ludmilla.

Psicóloga alerta para atenção redobrada dos pais

A psicóloga clínica de adolescentes e adultos e professora de Neurociências, Bruna Luiza, que atua em Feira de Santana, ressalta que crianças e adolescentes ainda estão em desenvolvimento cognitivo, moral e cerebral. Segundo ela, algumas áreas ligadas ao controle dos impulsos, julgamento e tomada de decisões, como o córtex pré-frontal, só amadurecem por volta dos 25 anos.

“Isso significa que eles são mais vulneráveis a conteúdos inadequados e a comportamentos de risco. Nesse sentido, o acompanhamento dos pais em relação aos conteúdos digitais é essencial para protegê-los de perigos e promover um uso mais assertivo da tecnologia”, disse Bruna.

A psicóloga aponta ainda que o acesso irrestrito pode expor os menores a temáticas e manipulações inadequadas, o que impacta diretamente a saúde mental, a autoestima e o senso de segurança dos jovens.

Para ajudar os responsáveis nesse monitoramento, a especialista recomenda o uso de aplicativos de controle parental, como Google Family Link, Qustodio ou Bark, que emitem alertas sobre conteúdos perigosos, rastreiam palavras-chave inadequadas e permitem limitar o tempo de uso.

“Os pais precisam estabelecer combinados claros com seus filhos e manter um diálogo aberto, a fim de que eles se sintam seguros para compartilhar as experiências do mundo virtual. Supervisionar não é invadir, é observar, orientar e estar presente na vida dos filhos com atenção, respeito e cuidado”, conclui a especialista.

Relembre o caso

De acordo com a PC, a adolescente tinha acesso aos dados bancários do avô, um idoso morador do bairro Mangabeira, e aproveitou para fazer duas transferências via PIX para um jovem que conheceu pela internet, por meio do Roblox.

As movimentações aconteceram nos dias 20 e 28 de junho. O dinheiro foi usado para a compra de moedas virtuais dentro do jogo, que permitiram à jovem adquirir personagens, roupas e acessórios.

A situação só foi descoberta quando o avô tentou pagar uma parcela da casa que havia comprado e percebeu que o dinheiro tinha sumido. Desconfiado de um golpe, ele procurou a polícia, que rastreou as transações bancárias.

“Inicialmente, ele achou que era um golpe, mas nossa equipe de investigação conseguiu rastrear as transferências. Ela enviou o dinheiro para um amigo virtual e pediu que ele convertesse o valor em moedas dentro do jogo”, explicou a delegada.

A adolescente foi levada à delegacia pela mãe. No depoimento, ela negou envolvimento no início, mas acabou confessando o desvio após ser confrontada com as provas.

O caso foi encaminhado para a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI) e para o Ministério Público da Bahia (MP-BA), que vão avaliar as medidas cabíveis.

O que é o Roblox?

‘Roblox’ é uma plataforma online de games que também oferece ao público ferramentas para criarem seus próprios jogos. Está disponível de graça para computadores, aparelhos móveis e Xbox One. A base dos lucros vem dos itens vendidos para a personalização de avatares – itens como roupas, bolsas, e até cabelos para os bonecos controlados pelos jogadores.

No catálogo, os usuários encontram milhões de games, todos criados pela própria comunidade. E não precisa possuir grandes conhecimentos de desenvolvimento. Tanto que não é difícil encontrar criadores de 13 ou 14 anos.

Em geral, este é considerado um ambiente virtual seguro. No entanto, como em tudo o que envolve crianças em ambientes virtuais, é importante que pais acompanhem a atividade dos filhos.

O sucesso se sustenta no conceito de que os usuários podem criar os próprios jogos de maneiras simples e direta. Então, quanto maior a comunidade, mais jogos aparecem, mais pessoas são atraídas e, por sua vez, se interessam em fazer seus próprios games.

A plataforma foi lançada em 2006 para cerca de 100 usuários. O crescimento veio nos últimos cinco anos, principalmente depois de atrair a atenção da Microsoft e ganhar versão para Xbox. Em 2015, eram 5 milhões de usuários mensais. Dois anos depois, o número chegava a 62 milhões. Atualmente, o número total de usuários ativos mensais chega a 380 milhões.

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